sábado, 7 de janeiro de 2012

Folha Seca

Eu sou uma criatura bem amargurada e confesso...
Mas é sempre pela mão de quem mais amo...
Que desejo nunca mais amar!
É fácil olhar e ver o que está errado, quando até eu mesma já vi, é fácil saber o que fazer, nem chega a ser um problema de tão solucionado, mas quem disse que me sobre boa vontade?
A questão é o não querer...
Não o bem-me-quer e tão pouco o mal-me-quer... Apenas não querer...
Parece loucura eu sei, e outra coisa que sei é que é bobagem, mas as minhas bobagens são todas verdadeiras...
Não estou desistindo, só não insisto mais...
Cansei de ficar sozinha apanhando as tralhas pelo chão, quando essas tralhas me valem tanto quanto o que está nas prateleiras...
Na verdade estou exausta, exausta de estar de férias sem poder descansar, sem que meu corpo me obedeça, ou apenas fique saudável...
Poxa, estou desanimada, com o quanto não se acerta aquilo que era pra estar certo...
Eu tenho forças, mas não quero usá-las assim, pra depois se tornar um desperdício, cansei de abrir meu melhor sorriso à aqueles que se aproximam, e se aproximam, e se aproximam, e quando você acha que vão te apertar contra o peito, eles apenas te apertam o peito, te tirando a graça e o ar...
E isso dói, dói tanto, mas tanto, que hoje em dia, eu já nem sinto mais...
Passei da fase de sair correndo sem rumo, hoje em dia me encontro estática sem conseguir dar um passo sequer...
Não há um lugar sequer pra fugir de mim mesma! E ainda que eu me encontre, continuo me perdendo, pra talvez essa procura acabar com o vazio de achar sempre a mesma coisa, que já não me serve...
Agarre aquela velha manta verde e cante uma música triste no seu violão surrado, olhe mais uma vez esse céu, e se ainda sim não for suficiente, desabe nas pedras, se encolha, e fique quieta, esperando aquela velha estrela passar, quem sabe você tenha direito à mais um desejo...
Ah se eu pudésse voltar à acreditar nisso...
Mas não consigo, já demorou tanto tempo pra me acostumar com os novos formatos de quadris aos quais me agarro... E, quando penso nisso, me pergunto quem teria sido eu, pra ser aquela que não largava teus quadris?!
É triste me ver sempre e de novo na mesma situação, pensando as mesmas coisas, tendo os mesmos medos, sonhando com as mesmas coisas, acreditando e desacreditando sem parar, achando que nunca vai dar certo até a próxima parada, nunca me imaginei tendo que viver tudo isso outra vez, nunca me imaginei duvidando de maneira tão forte, achei que eu não ia mais precisar passar por isso, mas é exatamente como as coisas são, e nunca vão deixar de ser... Maldita hora que pensei ser uma exceção, nunca fui, sempre mais uma, mais uma e outra mais...
Alguns olhares transpassam meu corpo e me dão certos arrepios, hoje eu os entendo, e isso dói, eu tentei superá-los, e os julguei, achei que significassem "você tem o que eu quero", mas eles só significavam uma coisa, "coitada, não sabe de nada", quando agora esse é exatamente o olhar que jogo de volta, eu fui enganada sim, isso não me faz trouxa, me faz nobre por ter confiado em quem amava, mas eu sei do que ele dizia à teu respeito, e tudo que eu posso sentir é pena por todos e mais ainda pelo meu amor desperdiçado inutilmente...
Eu desejei ter retribuído todos os olhares de desejo, não ter me privado de nada, não ter tido o respeito que tive por quem não teve por mim, mas em seguida desejei continuar sendo quem sou, e continuar tendo os valores que tenho, é isso que me difere dessa podridão toda...
Eu não quero fazer parte disso, mas não pense por um segundo que você ia conseguir me enganar por tanto tempo, e pode continuar mentindo, mas não espere que eu acredite, acho que esse desespero todo é pra que você mesmo acredite em sí, e não se ache tão repugnante o quanto sabe que é na verdade!
A gente se acostuma, eu sei a gente se acostuma, mas não deveria, não deveria!
Será que posso culpar à mim mesma, por não me entregar ao que é certo? Ao que parece bom? Porque não me parece tão bom assim as vezes... Eu ainda sinto falta, era pra isso ser dessa forma? Era pra eu sentir as coisas assim? Inacabadas? Imcompletas? Metade, meio, quase...
Pensei ter aquietado o coração, acalmado a mente, mas eu nem consigo chorar, e isso me deixa desesperada, porque sei que estou ficando seca...
Uma folha seca é uma folha morta!

Milene Maureen

Nenhum comentário: